Dica de Viagem – Para Onde Viajar: Europa ou América do Sul?
Réveillon chegando, período de férias e  muita gente começa a se perguntar para onde irá viajar neste novo ano.  No Brasil, os destinos internacionais mais comuns são: Estados Unidos,  Europa ou algum país da América do Sul, geralmente a Argentina.
Como eu nunca fui e nem tenho muita  vontade de ir à terra do Tio Sam, vou então ajudar àqueles que estão em  dúvida entre viajar para a Europa ou para a América do Sul, destinos que  conheço bem, afinal, até agora foram 13 países visitados do Continente  Velho e 7 do Continente Novo.
Diferença de Preço
Na hora de planejar a viagem  muitos decidem pela América do Sul devido a proximidade, o que pela  lógica (pela lógica errada) representaria custos menores. Em muitos  casos, a Europa é o caro que sai barato, enquanto a América do Sul é o  barato que sai caro.
A Passagem
Definitivamente, a passagem para  atravessar o oceano custa mais, porém é preciso colocar tudo no papel.  Há muitas passagens saindo do Brasil para Portugal, Espanha e Bélgica  pelo valor de 1500 reais (antes da política econômica de Dilma ir pro  buraco e o dólar ir pras alturas). Já do Brasil para países como Equador, Colômbia e até mesmo pro Perú, o preços variam de 800 a 1500.
Se você mora em São Paulo, provavelmente encontrará passagens bem mais baratas com destino a Buenos Aires, Montevidéu e Santiago do Chile.
Hospedagem
Tirando o Brasil, você pode encontrar  boas hospedagens com preços acessíveis tanto na Europa quanto na América  do Sul. Por incrível que pareça, em Lisboa, Salamanca, Praga e Budapest fiquei em hospedagens mais baratas e mais confortáveis do que em Santiago do Chile, Lima e Cusco.
Deslocamentos
Desse modo, o que irá realmente fazer a  diferença serão os deslocamentos. Se você é um mochileiro que pretende  conhecer vários lugares dentro de um mês ou de duas semanas, é possível  que a viagem saia mais barata na Europa, porque lá há uma estrutura que  permite ao viajante economizar.
Trens, metrôs, trans, muitas companhias  aéreas low cost, isto é, na Europa existe uma coisa que pelos lados de  cá é quase inexistente: mobilidade internacional e urbana. Na América do  Sul, até mesmo do aeroporto para o centro da cidade, a coisa é difícil.  Geralmente, as opções que temos são transfer, táxi, ônibus especial,  tudo com o preço elevado, ou em alguns aeroportos podemos encontrar  coletivos lotados que demoram horas para chegar em qualquer lugar.
Mais o maior gasto mesmo é se você  quiser conhecer outras cidades, pois como geralmente não há muita opção  de transporte e nem muita concorrência, os voos domésticos na América do  Sul são tão caros quanto os internacionais.
Sendo assim, caso não tenha a intenção  de fazer muitos deslocamentos, provavelmente, viajar por aqui, com  exceção do Brasil, sairá mais barato.
Diferença Visual
Sem hipocrisia, ufanismo e sem rodeio:  esteticamente falando, a Europa é muito mais bonita. Não que a América  do Sul não tenha seus encantos, pelo contrário, tem muita coisa aqui que  não tem lá, como por exemplo: praia que preste para tomar banho.

Grand Place de Brugges, Bélgica.
Insegurança, pobreza, corrupção existe  em todo lugar do mundo, a diferença é que na América do Sul tudo isso  está muito mais visível. Na conversa que tive com uma ex-moradora de Barcelona numa padaria de Bogotá, ela disse o seguinte: “A Europa esconde toda sua mazela debaixo do tapete para ninguém ver”. E é verdade.
Estando em Portugal e Espanha em plena crise, fiquei surpreso porque não parecia que esses países  enfrentavam uma recessão. Tudo parecia lindo. Para ver as marcas da  crise, era preciso observar com olhar clínico, porque vendo como  turista, a impressão é que tudo estava às mil maravilhas.
Já na América do Sul, não se tem o mesmo talento em esconder a verdade nua e crua. Diferente de Veneza, Berna, Paris,  não dá para andar sem destino numa cidade latinoamericana, porque uma  rua é turística e na seguinte já pode ser uma boca de fumo.
Na maioria das cidades europeias, você  pode se perder , andar sem mapa e ser guiado apenas pelas belezas que  cada quadra vai lhe mostrando, pois a parte tensa geralmente fica muito  longe dos lugares turístico. Já em cidades como Cusco, por exemplo,  tem-se uma praça deslumbrante, mas um quarteirão acima, você dá de cara  com uma feira cheia de sujeira, crianças pedindo esmola e esgoto a céu  aberto.
Em Salvador, quando você vai ver uma  construção bonita, você tem que fixar o olhar no monumento turístico,  porque se olhar pro lado, vai ter um buraco na calçada, uma fiação  elétrica que mais parece um ninho cobra, quero dizer, o descuido  governamental estará presente.
Em Buenos Aires,  temos o famoso Caminito, mas se você for de coletivo e descer no ponto  que fica uma rua antes da atração, você se sente como se tivesse no  Iraque. Em outras palavras: na América do Sul os problemas do terceiro  mundo fazem parte da paisagem, seja na forma de um descuido estético, ou  de alguém pedindo ou vendendo algo para sobreviver.
Falando assim parece que não há vantagem  em viajar pelos países vizinhos, mas pelo contrário, por terem suas  imperfeições tão evidentes, o turismo por aqui se torna menos  pasteurizado, isto é, mais humano. O contraste entre a beleza deixada  por Deus na natureza e as mazelas promovida pelo homem realça a riqueza  cultural de um povo diverso, com emoções acentuadas.
Em suma: acho que a Europa, por todo o  seu passado, pelo legado da humanidade tão bem conservado e o sentido de  alteridade imposto pela União Europeia, faz-nos ter uma visão positiva  do ser humano; enquanto que na América do Sul, devido o destaque de uma  natureza consoladora, temos uma visão positiva de Deus. Vendo por esse  ângulo, acredito que escolher para onde viajar será então questão de em  quem você precisa voltar a admirar.

 
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