Hora da Crítica
Sendo  cristão ou não, acreditando nos textos sagrados ou não, é indiscutível  que as histórias contidas na bíblia são maravilhosas e cheias de  potencial para se tornar um filme. Muitas produções já foram realizadas  baseadas em textos bíblicos e o caso mais recente foi o péssimo “Noé” de Darren Aronofsky. Nesse último final de semana estreou o filme Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings) do grande diretor Ridley Scott, que tem no seu curriculum filmes como “Alien, o Oitavo Passageiro” e “Gladiador“.
O filme se utiliza da premissa encontrada no livro de Êxodo e conta a trajetória de Moisés (Christian Bale),  um homem já em idade adulta que atua como um grande poderoso nas terras  do Egito, ao lado de seu irmão de criação e filho do Faraó, Ramsés (Joel Edgerton).  A relação dos dois é pouco explorada, mas deixa pontas para que o  espectador entenda que existe uma cumplicidade entre eles, e até mesmo  um pouco de inveja de Ramsés à Moisés. Apesar do filme ter o título e  uma ideia original baseados na Bíblia, Êxodo não é necessariamente um  filme bíblico.
Após um  incidente contra um egípcio, Moisés é exilado do Egito e passa a viver  durante longos anos fora da visão de Ramsés, agora o novo Faraó. Após um  grande período longe de tudo que tinha conhecido, Moisés finalmente tem  seu encontro com o Deus de seu povo e de sua esposa.  No filme, Scott manifesta a presença de Deus em forma de criança que se  apresenta a Moisés indicando a sua missão. Moisés acaba aceitando esse  chamado e volta para o Egito exigir à Faraó que liberte os Hebreus,  escravizados a 400 anos.
A mão de  Ridley Scott com certeza foi o diferencial para fazer o filme dar certo.  Mesmo com algumas mudanças na trajetória da história original da  bíblia, os acontecimentos ocorrem de forma linear e não perdem seu  estado de “milagres” ou “maldições”. Como por exemplo as pragas lançadas  no povo do Egito, que na grande maioria, acontecem de forma mais  natural, sem perder o “toque de Deus”. Outro ponto interessante foi a  caracterização de Deus em forma de menino, que de uma forma bem “linear”  se mostrava doce pela aparência de criança, e furioso pela situação que  o seu povo escolhido se encontrava. Outra relação bem desenvolvida foi o  relacionamento de Moisés com Deus. De forma bem simples, foi dado um  toque de humanidade na relação, ou seja, de como um humano falaria com  Deus que acabara de conhecer. Em vários momentos fica claro que Moisés  não concorda com as ações de Deus, dá mesma forma que Deus não gosta de  como Moisés que levar a situação, mas Moisés acaba se rendendo a Deus  por intermédio da Fé.
Ridley  Scott, na minha sincera opinião, é um gênio. A construção da cidade, a  iluminação e fotografia do filme ficaram espetaculares. Os efeitos  especiais foram muito bem utilizados e não ficaram com aquela aparência  de estruturas falsas. A utilização de locações reais dão a cartada final  para a beleza cenográfica do filme.
Além do foco  espiritual que o filme possui, temos um grande senso de política  existente, com tratados e acordos entre os reis e irmãos. Moisés, nessa  releitura, é um exímio líder e soldado de guerra, além de ser um ótimo  comunicador, diferente do original bíblico. A impressão dada é que  Moisés é aquele revolucionário que treina seu exército para o confronto  final. Bale fez seu papel maravilhosamente e deu a Moisés a cara que ele  precisava para esse filme em questão. Não era aquele homem com  aparência doce, mas sempre estava com uma aparência mais militarizada.
Apesar do  filme não possuir 100% de fidelidade as Escrituras Sagradas, os  acontecimentos narrados não fazem com que Deus seja diminuído, já que na  grande maioria os milagres ocorrem devido a Ele. Eu como cristão não me  senti ofendido pelo filme, afinal de contas já fui sabendo que o filme  não se tratava de uma adaptação bíblica e sim de uma produção com a  premissa de uma história bíblica.
Êxodo: Deuses e Reis é mais um épico nas mãos de Ridley Scott e cumpre o que promete, sendo  uma ótima pedida e opção para adicionar a sua videoteca, mas ainda  assim, não chega a ser um grande marco na história de filmes do gênero.



 
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